Audiência pública no dia 12 de junho
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Hoje as discussões em torno do desenvolvimento sustentável, um dos temas centrais da Rio+20, sequestraram a categoria de sustentabilidade.
Ela não se reduz ao desenvolvimento realmente existente que possui uma lógica contrária à sustentabilidade.
Enquanto aquele se rege pela linearidade, pelo crescimento ilimitado que implica exploração da natureza e criação de profundas desigualdades, a sustentabilidade é circular, envolve a todos os seres com relações de interdependência e de inclusão de sorte que todos podem e devem conviver e coevoluir.
Sustentável é uma realidade que consegue se manter, se reproduzir, conservar-se à altura dos desafios do ambiente e estar sempre bem. E isso resulta do conjunto das relações de interdependência que entretém com todos os demais seres e com seus respectivos habitats.
O cuidado é exigido em praticamente todas as esferas da existência, desde o cuidado do corpo, da vida intelectual e espiritual, da condução geral da vida até ao se atravessar uma rua movimentada, Como já observava o poeta romano Horácio, “o cuidado é aquela sombra que nunca nos abandona porque somos feitos a partir do cuidado”.
Leonardo Boff
O tema do cuidado é, nos últimos tempos, cada vez mais recorrente na reflexão cultural. Primeiramente, foi veiculado pela medicina e pela enfermagem, pois representa a ética natural destas atividades. Depois foi assumido pela educação e pela ética e feito paradigma por filósofas e teólogas feministas especialmente norteamericanas. Veem nele um dado essencial da dimensão da anima, presente no homem e na mulher. Produziu e continua produzindo uma acirrada discussão especialmente nos EUA entre a ética de base patriarcal centrada no tema da justiça e a ética de base matriarcal assentada no cuidado essencial.
O momento é de resistência, de denúncia e de exigências de transformações nesse Código Florestal. Agora é o momento da cidadania popular se manifestar. O poder emana do povo. A Presidenta e os parlamentares são nossos delegados e nada mais. Temos o direito de buscar o caminho constitucional do referendo popular.
Lamento profundamente que a discussão do Código Florestal foi colocada preferentemente num contexto econômico, de produção de commodities e de mero crescimento econômico.
A degradação ambiental do Jardim Canadá já macula a beleza de Fechos, onde a empresa capta água para a Zona Sul de BH
Fernanda Mann – redacao@revistaecologico.com.br
Foto: Fernanda Mann
A natureza com paisagens dignas dos traços de Debret e Rugendas na Estação Ecológica de Fechos, administrada pela Copasa no município de Nova Lima é um paraíso que fornece 200 litros de água por segundo à população dos bairros da Zona Sul de Belo Horizonte. Mas não tem recebido, em troca dos 1.074 hectares de biodiversidade e recursos hídricos, o respeito de seus vizinhos que exploram a terra ou constroem imóveis em seus limites.
Mesmo restrita à visitação pública por ser tratar de uma Unidade de Conservação, ela tem seu principal curso d´água em estado vergonhoso por conta da poluição de seus mananciais outrora cristalinos. A maior fonte de contaminação são os esgotos sem controle sanitário advindos das moradias do bairro Jardim Canadá. Despejado clandestinamente na redes coletoras de águas pluviais, o esgoto sem tratamento passa por baixo do asfalto da BR-040, nas proximidades do bairro, na saída para o Rio de Janeiro, e vai parar dentro dos limites da estação ecológica. Pior: à montante da barragem de captação da Copasa.